Hoje planeei as actividades da sala encarnada tendo como objectivo educar as crianças para a cidadania.
O dia começou assim ...
Duas propostas foram lançadas: irmos passear pelo bairro ou fazermos uma "aula de actividade física". O que preferem fazer? perguntei às crianças quando estavamos em "reunião" de grande grupo. Começaram todos a falar ao mesmo tempo e expliquei-lhes que assim eram difícil entendermo-nos. Sugeri que cada um dissesse o que gostaria de fazer, enquanto duas crianças seguravam no quadro branco, e eu registava o nome de cada uma. Numa das colunas escrevi "passeio" com uma caneta encarnada e na outra "ginástica" com uma caneta azul. Depois ia anotando o nome de cada criança, perguntando em que coluna é que devia colocar o seu nome, e pedindo ajuda às crianças para conferirem e irem contando o nº de meninos.. e de repente já estavamos a fazer contas de somar.
Enquanto ia registando os interesses dos miúdos aproveitei para trabalhar um conjunto de noções, no domínio da matemática (verificar qual a actividade que tinha mais e menos meninos interessados), domínio da linguagem e escrita (fazer uma "pré-leitura", capacidade de expressar o que se quer, mesmo quando uma criança responde em romeno ... felizmente temos na sala uma criança que traduz), área da formação pessoal e social (esperar a sua vez, ser capaz de ouvir os outros, estar atento).
Resultado: 19 crianças referiram que queriam ir passear e 5 preferiam fazer atividade física. Ora bem, decidimos que a maioria "ganhou", e por isso iríamos passear.
Olhei para o rosto das 5 crianças em minoria, e vi que uma delas chorava, outra disse que queria mudar e pertencer à "maioria", as restantes três mantiveram-se de cabeça baixa em silêncio. Aguardei uns momentos ... até que lhes fiz ver que apesar de serem a maioria e irmos passear, não nos podíamos esquecer que temos que RESPEITAR os interesses daqueles que estão em minoria. Amanhã (se for possível) ou segunda feira iremos fazer a actividade física, porque respeitamos os colegas e queremos que eles também se sintam contentes.
Estamos a aprender a ser bons cidadãos, não acham?